segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

[Fundo de Catálogo] John Fahey - Blind Joe Death (1959)


E no início era o rock' n' roll. O de Bill Haley, Elvis, Little Richard, Buddy Holly e Chuck Berry. A bossa nova dava os primeiros passos com João Gilberto e James Brown arrancava na sua jornada funk. A estreia de John Fahey era, portanto, um O.V.N.I. que na primeira edição contou apenas com 100 exemplares, tais eram as expectativas comerciais de Blind Joe Death. E foi com apenas 100 edições tornou-se num dos discos mais importantes de sempre. É como aquele mito (?) que diz que apenas uns milhares compraram a estreia dos Velvet Undeground, mas todos os que o compraram formaram uma banda - Fahey influenciou, entre muitos outros, senhores como Pete Thousand, Thurston Moore, Beck, mais recentemente William Tyler e - porque não? - Norberto Lobo.



O título terá sido em parte uma sugestão de um amigo: na altura, quase todos os artistas blues eram Blind qualquer coisa - Blind Willie Johnson, Blind Boy Fuller, Blind Joe Taggart, etc. Chegou a criar uma história à volta da personagem fictícia que dá título ao disco, levando-o por vezes a palco, através da sua personificação - conduzido a palco pelo braço e de óculos escuros. A outra parte da justificação do título estará no mais antigo fascínio da humanidade: a morte. Aliás, Fahey dizia sentir um instinto mórbido na altura. É fácil acreditar, o génio do fingerpicking era um alcoólico com aquela atitude muito punk (muito antes de o punk existir) de desresponsabilização e do it yourself - aprendeu tudo sozinho e criou a sua própria editora quase exclusivamente para se editar a si próprio. 


Blind Joe Death foi gravado na sua casa, em Takoma Park, Maryland. Ainda hoje vive (e como vive!) para lá dela e daqueles míticos (e hoje caríssimos) 100 exemplares. 


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