terça-feira, 18 de novembro de 2014

[Fundo de Catálogo] João Gilberto - Chega de Saudade (1959)


Alguns anos depois de Pixinguinha, Dorival Caymmi, Carmen Miranda e Luiz Gonzaga contribuírem para o cancioneiro brasileiro, João Gilberto criava a bossa nova, essa espécie de samba suave. João Gilberto é um génio. Dizemo-lo sem receio nenhum de usar o termo que premeia as mentes mais incríveis, aqueles a quem devemos algumas das leis, linguagens, disciplinas, obras de arte mais importantes e estimulantes da humanidade. Mas Chega de Saudade, objecto fundador de um novo género musical, não viveu apenas do génio criativo de João Gilberto, o músico foi acompanhado por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim, braços direito e esquerdo (ou vice-versa) na direcção que a obra-prima haveria de tomar.


Chega de Saudade é um objecto (quase?) perfeito. Gilberto é um daqueles perfeccionistas capazes de reclamar com o ar condicionado (aconteceu), responsável pela afinação defeituosa dos instrumentos. Não há notas ao lado, o músico de Salvador não o admitia - era capaz de repetir uma canção 28 vezes (sim, também aconteceu) até atingir a perfeição. A bossa nova era criada e era a banda sonora de uma juventude que ainda procurava uma voz. Representa o optimismo de uma nação que tinha acabado de ganhar a Copa do Mundo e tinha em Pelé o rosto do sucesso. Representava a procura pelo hedonismo - a praia, o namoro de liceu, a leveza. João Gilberto é essa voz, a primeira de todas.

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