quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

[Fundo de Catálogo] Pink Floyd - The Piper at the Gates of Dawn (1967)



Não há nenhum outro disco dos Pink Floyd como The Piper at the Gates of Dawn porque não existem mais álbuns dos Pink Floyd com Syd Barrett sóbrio e ao leme. A estreia dos britânicos é um reflexo da mente de Barrett, seja do título, "roubado" a um livro infantil às letras que, ou são sobre o seu gato ("Lucifer Cat") ou são inspiradas noutros livros infantis.

Tal como com vários outros registos psicadélicos, há quem acredite que este é que é o álbum que sintetiza o movimento. Já o dissemos antes: o psicadelismo não terá uma obra que o defina, mas sim um conjunto. Estes Pink Floyd aproximavam-se mais da cena mais negra dos Doors do que das bandas californianas mais ligadas ao Summer of Love. 

As letras e constantes referências espaciais acabaram por conceder a The Piper... o rótulo de primeiro registo space rock da história. A banda fundia essas notas futuristas (o homem ainda nem tinha ido à lua) com referências psicadélicas, embora tenham chegado a dizer que não faziam ideia no que consistia o psicadelismo. Claro que sabiam: Barrett mantinha uma relação demasiado próxima com LSD e os Pink Floyd acabariam por visitar as gravações de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o clássico (quase literalmente) da porta do lado, ali nos mesmos estúdios Abbey Road. Haveriam, aliás, de se deixar influenciar por "Lovely Rita", trazendo sons de animais e outros efeitos vocais que preenchem o disco todo. Mas, como disse e muito bem Joshua Klein, da Pitchfork, por altura do 40º aniversário do disco, "os resultados não poderiam ter sido mais diferentes, com os Beatles a controlares o estudo e os Pink Floyd a usarem-no para perder controlo". Um caos talvez inspirado na loucura dos Mothers of Invention.

Há mais: há referências bíblicas, "Take Up Thy Stethoscope and Walk", eventual alusão a João 5:8., a dicotomia entre "Astronomy Domine", sendo que "Domine" é o latim para “Deus”, e a faixa que se segue, “Lucifer Sam". E, claro, "Interstellar Overdrive" que acaba por conceder pistas em relação ao futuro que haveria de ser o dos Pink Floy sem Syd Barrett. 

É um registo tão importante que há melómanos que são apenas fãs deste disco dos Floyd. Fãs tão ilustres como este, por exemplo.


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