Brian Wilson prometeu: "será melhor que Pet Sounds". Não contava com uma das mais celebres aplicações da Lei de Murphy da história da industria discográfica. Smiley Smile nunca esteve para acontecer. Smile era a ideia original (felizmente, tivemos oportunidade de viver para ver um esboço daquilo que poderia ter sido e, se fosse assim seria incrível) e acabou por render uma das mais incríveis histórias do catálogo pop.
Depois de Pet Sounds, Wilson preparou outra bomba: "Good Vibrations", single que seria ponto de partida para o tal disco maior que Pet Sounds, maior que Sgt. Peppers, maior que a vida. As frustrações de estúdio, os problemas de saúde do cérebro dos Beach Boys e o desentendimento com os companheiros que se desentendiam com Van Dyke Parks (braço direito de Wilson) porque, alegadamente, escrevia letras demasiado difíceis de apanhar sabotaram-no. Sgt Peppers foi a estucada final.
Mas embora soe de facto inacabado, Smiley Smile foi crescendo com o passar dos anos. Não fosse a confirmação depois cancelada à última da hora no Monterey Pop Festival e diríamos que estavam completamente alheados do Summer of Love. É diferente de tudo o que se passava em 1967, eventualmente com excepção em Frank Zappa: pega em influências avant-garde e antecipa a música ambiental. A produção lo-fi de boa parte das mais despidas canções contrastam com outras duas que parece a mais: uma é "Good Vibrations" que Wilson insistiu para que não fosse incluída, a outra é "Heroes and Villains". Fragmentado, sim, mas visionário. O homem tinha mesmo qualquer coisa e não apenas problemas mentais provocados por drogas e/ou frustrações. Smiley Smile é um dos acidentes mais influentes da história. E ainda que inacabado faz inveja a tanta discografia.
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