domingo, 22 de janeiro de 2017

[Fundo de Catálogo] Velvet Underground - Velvet Underground and Nico (1967)

A banana está mais do que descascada. Não há muito que se possa acrescentar sobre um disco que já foi dissecado milhares de vezes, mas há sempre a Internet e a nossa percepção pessoal. 

Quanto à Internet, é seguir para uma teoria partilhada no reddit que, não sendo rebuscada e/ou uma pedrada no charco, vale a pena espreitar. Isto se não perderam mais do que dez minutos a pensar que o disco poder uma obra conceptual sobre um drogado.

Já aqui se escreveu que bandas como os Doors e os Jefferson Airplane foram censuradas, embora de maneiras diferentes. No caso dos Velvet Underground, o conteúdo era tão explicito (drogas, dealers, prostitutas...) que poderá ser registado, a par dos discos de viragem dos Beach Boys e Beatles, como primeiro suicídio comercial da história. 30 mil cópias vendidas que, segundo Brian Eno, renderam outras tantas bandas (de forma subtil, colocámos aqui uma das citações mais célebres da história da música pop, talvez assim não soe tão chato). 

A história já tinha oferecido álbuns importantíssimos, Pet Sounds, Sunshine Superman, Revolver, Blonde on Blonde, Rubber Soul, só para citar os de omissão impossível, mas, ainda  que Dylan tenha gravado na cidade, nenhum espelhava tão bem a Nova Iorque do final dos anos 60 Mas nem a aliança de Andy Warhol na produção e tudo o mais evitou o falhanço. O "e tudo o mais" pode ser traduzido pela criação de uma improvável aliança entre americanos e alemães ou, neste caso, uma atriz, modelo e musa de Brian Jones e Dylan, uma alemã chamada Nico (muito antes de Klinsmann treinar a elecção americana naquela que é a única associação germânico-americana que me lembra assim de repente). Há ainda uma vertente mais técnica que está relacionada com John Cale, músico de formação  clássica que odiava folk e adorava La Monte Young e John Cage, que trouxe ideias de gravação que revolucionaram o som da banda. "We were trying to do a Phil Spector thing with as few instruments as possible", diria depois. 

Um ano depois, em Janeiro de 1968, com White Light/White Heat, provariam que o suicídio comercial era o seu modus operandi.

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